quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O enigma de Kaspar Houser

Aqui vai uma dica de um filme alemão muito bom:
O enigma de Kaspar Houser (um filme de Werner Herzog)


Um menino aparece de repente em uma praça de Nuremburg com nada mais que uma carta endereçada ao capitão da cavalaria local, menino esse que não sabia falar, andava com a dificuldade de um bebê que está aprendendo a engatinhar. Fatos decorrentes de uma vida reclusa em um porão escuro, sem contato com o mundo. O menino era apenas alimentado por um senhor, desconhecido.

Não venho aqui tentar entender o porquê de ele ter sido enclausurado num porão, ou por que as pessoas iam vê-lo como se fosse uma atração circense.

A minha pretensão aqui é mostrar que o próprio Kaspar se via em um mundo estranho. A ingenuidade de uma criança, a vontade de aprender as palavras, as suas relações com os animais (dentre elas o medo). A maneira de Kaspar se relacionar com o mundo indica que a percepção do homem depende da sua prática no meio social. Pois Kaspar não é reconhecido como um membro da sociedade e ele próprio não se reconhece como parte dela.

Assim, observa-se que a natureza humana não é má, observa-se que há uma “domesticação” dos humanos de acordo com o meio social. O homem nada mais é do que um produto social, que pode receber diferentes molduras, sejam elas contundentes ou não.

“Na lápide de Kaspar Hauser, no cemitério de Ansbach, na Alemanha, há uma inscrição que diz: "Hic occultus occultu uccisus est." Quer dizer: "Aqui jaz um desconhecido assassinado por um desconhecido." Nada resume melhor o misterioso percurso da vida e morte deste homem.”
 Saboya, M. C. L. (2001). The Mystery of Kaspar Hauser (1812?-1833): A Psychosocial Approach. Psicologia USP, 12 (2), 105-116.

Nenhum comentário:

Postar um comentário